New direction, new life.

Mesmo antes de acabar o manto de árvores ele parou e colocou-me, de novo, no chão.

«Estás bem?»

Perguntou-me.

A sua voz continuava desanimada.

«Não fiques assim, por favor. Tu sabes que eu não gosto que penses assim.»

Agarrava-lhe o rosto com as duas mãos e fixava os seus olhos.

«Kath quando é que vais perceber que nem a alma me resta?»

Ele afastou bruscamente as minhas mãos e eu deixei-as cair ao longo do corpo.

«Ouve! Eu não consigo estar com uma pessoa que pensa dessa forma Alex.»

«EU NÃO SOU UMA PESSOA!»

Ele levou as mãos ao rosto exactamente como naquela manhã.

Já não aguentava mais. Ele não podia agir assim.

Virei costas e dirigi-me a porta de minha casa que ficava do outro lado da estrada, por detrás de umas árvores.

«Kath…»

Agarrou-me no braço, não me deixando avançar mais de um metro.

«Lamento Alex. Já é um bocadinho tarde para te redimires.»

A minha voz saiu mais grave e ríspida do que eu tencionava.

Mas isso não o impediu. Puxou-me contra o seu peito e beijou-me de uma forma… diferente. Menos cuidadosa.

Afastei-me quando consegui controlar a minha mente e retomei caminho.

Desta vez, ele não me alcançou.

«Amo-te!»

Suspirou antes que me afastasse demasiado para não ouvir.

Entrei bruscamente em casa, batendo a porta atrás de mim.

«Querida és tu?»

Gritou a minha mãe da cozinha.

«NÃO!»

Ela devia ter percebido que sim pela minha resposta arrogante.

Antes de bater também com a porta do quarto ainda gritei.

«NÃO QUERO JANTAR, NÃO QUERO VER UM FILME, NÃO VOU SAIR, NÃO QUERO FALAR COM NINGUÉM!»

Não recebi resposta, a minha mãe já se estava a habituar à minha atitude e não se dava ao trabalho de protestar.

Como costumava fazer mal chegava a casa, fui até à casa de banho privativa do meu quarto, atirando a roupa pelo chão enquanto caminhava, e tomei um duche que, esperava eu, seria demorado.

A água queimava-me o rosto e fazia pressão nos meus ombros. Gostava daquela situação. Posso dizer até que me considero um pouco masoquista, por causa destas minhas atitudes.

Saí da casa de banho, enrolada numa toalha, e sentei-me na cama para começar a aplicar a minha loção corporal, quando o telemóvel tocou.

No ecrã dizia:

«Nova mensagem de –Alex–»

Senti-me mesmo tentada a não ler, mas podia ser importante.

Abri.

“Querida, desculpa… : / Eu sei que não tive uma atitude correcta, mas… é a minha forma de pensar e ninguém pode mudar isso. Devia evitar dize-lo. Eu sei. Mas não consigo. Desculpa. Amo-te. És a minha única razão de existir, agora.”

Não consegui conter-me, tinha de o ver, tinha de correr para os braços dele, beija-lo e dizer-lhe o quanto o amava e que estava perdoado, que sempre esteve.

Peguei novamente no telemóvel, que já tinha sido atirado automaticamente para a cama, procurei o seu número na lista telefónica e carreguei em chamar.

«Desculpa…»

Soou a sua voz calma, mas hesitante.

«Não peças desculpa Alex. Onde estás?»

«Na floresta, porque?»

«Diz-me exactamente onde, quero ir ter contigo.»

«Nem penses, estou muito no interior, eu vou ter contigo. Estás em casa?»

«Sim. Entra pela janela por favor. A minha mãe também está.»

Demorou apenas dois minutos até ele chegar.

«Hey!»

Exclama ele ainda entrando pela janela.

Dei um salto com o susto, não esperava que chegasse tão depressa.

«Caramba Alex, quantas vezes já te disse para avisares antes de subires.»

Ele limitou-se a olhar para mim atónito como se fosse um fantasma que estivesse ali à sua frente.

«Estás bem?»

Não percebia o que ele tinha.

«Tu… tu… tu…»

Oh não. Nem te atrevas a começar a gaguejar.

«Fala Alex!»

Estava mesmo a ficar aborrecida com aquele olhar.

«Tu… estás… em… lingerie.»

Oh não, não, não, não, não! Eu não me tinha lembrado. E agora? O que é que ele ia pensar de mim?

«Oh querido desculpa! Eu tinha-me esquecido.»

Disse envergonhada, pegando rapidamente na toalha que estava em cima da cama e enrolando-a em mim.

«Tu queres, sem dúvida, matar-me de desejo!»

Agora quem estava atónita era eu.

Ele nunca se tinha saído com uma daquelas. Mas ia entrar no jogo dele.

«Talvez, se estiveres disposto a que eu te mate.»

Um sorriso malandro formou-se no meu rosto, mas a sua expressão tornou-se dura de repente e pegou imediatamente num vestido de malha cinzento, pelo joelho e de mangas compridas, que estava no cadeirão atrás de si.

«Veste-te!»

Ordenou atirando-mo.

Mais uma vez não percebi o que ele tinha.

«Alex?!»

«Se estás a pensar em perguntar-me o que se passa podes esquecer.»

Ainda enrolada na toalha e com o vestido na mão aproximei-me.

«Tu é que não vais pensar em nada que te deixe assim, pelo menos não agora. Por favor!»

Ele passou a mão no meu cabelo molhado e respirou fundo.

«Tudo bem. O que queres fazer?»

O que eu queria fazer? Era melhor não ir por aí. Talvez a pergunta correcta fosse o que podíamos fazer.

«Não sei… Por mim ficávamos aqui até eu adormecer.»

«Já jantas-te?»

«Não, porquê?»

«Porque não vais dormir sem jantar. É que está fora de questão.»

Caramba! O que é que isso tinha de importante.

«Eu preparo-te alguma coisa se quiseres.»

Ambas as suas mãos desceram até à minha cintura.

«Era, de facto, uma excelente ideia. Se a minha mãe não estivesse em casa.»